quinta-feira, 18 de março de 2010

Manguezais: As florestas da Amazônia costeira


Os manguezais da costa amazônica, distribuídos por Amapá, Pará e Maranhão, ocupam uma área de 9 mil km2 e correspondem a 70% dos manguezais do Brasil. Os 679 km de linha de costa entre os estados do Pará e do Maranhão formam o maior cinturão contínuo de manguezais do mundo. Essas florestas de mangue com árvores de grande porte, situadas no litoral atlântico e recortadas por rios e canais de águas escuras e tranqüilas, são o refúgio de diversas espécies de crustáceos, peixes, moluscos e aves marinhas. Os mangues amazônicos, porém, ainda são desconhecidos pela maioria dos brasileiros.
Os manguezais, que ocorrem em todas as regiões costeiras tropicais e subtropicais do mundo, caracterizam-se pelo sedimento lamacento e salino, inundado diariamente pela maré. Sobre esse sedimento formam-se bosques de árvores que apresentam adaptações para sobreviver à salinidade e à inundação. Essas florestas peculiares têm grande importância ecológica porque são áreas de reprodução e atuam como berçários para várias espécies marinhas, em especial crustáceos e peixes, que encontram nas águas tranquilas e escuras o refúgio ideal para suas larvas e filhotes.

Manguezais na Amazônia

Os manguezais amazônicos formam verdadeiras florestas, com relatos de árvores de até 30 m de altura e 1 m de diâmetro. O grande porte dessas árvores provavelmente resulta das temperaturas tropicais, da grande amplitude de marés e da costa muito recortada, com ondas suaves, condições consideradas ideais para o desenvolvimento desse ecossistema. Dependendo da influência das marés e da localização dos mangues no estuário, estes podem ser salinos ou salobros (com pouca influência de água salina).
Apesar do tamanho das árvores e da exuberância dos manguezais, existem apenas seis espécies de árvores consideradas exclusivas de mangue, ou seja, dominantes nesse ambiente. Muitas aves frequentam os mangues amazônicos, mas merecem destaque a garça (Ardea alba), o guará (Eudocimus ruber), com sua plumagem de um vermelho intenso, quando adulto, e diversas espécies de maçaricos. As aves procuram o mangue para reprodução, chegando a formar grandes ninhais, ou para encontrar alimento.


Impactos

Provavelmente por causa das grandes distâncias e das dificuldades de acesso, os manguezais amazônicos podem ser considerados bem preservados, se comparados aos de outras regiões do país. No entanto, mesmo na Amazônia, os mangues começam a perder espaço para a crescente e desordenada expansão urbana costeira, para o aumento do turismo e para a construção de estradas. A abertura de estradas em áreas de manguezal beneficia o acesso a cidades antes isoladas, mas interrompe a circulação das marés e traz outros riscos, como o atropelamento de animais silvestres.
O rápido crescimento demográfico da região costeira, principalmente no Pará, de acordo com o Censo Brasileiro de 2000, começa a pôr em estado de alerta a comunidade científica e os ambientalistas, que buscam alternativas de uso racional dos recursos, antes que se esgotem. É preciso, antes de tudo, que governo e sociedade despertem para a realidade de que nossos recursos naturais são finitos e de que o uso e aproveitamento de áreas costeiras devem ser planejados, respeitando os limites humanos e ambientais. Só assim será possível garantir o espetáculo de beleza das florestas de mangue da Amazônia costeira.




Modificado de:
Manguezais: As florestas da Amazônia costeira - Artigo publicado na CH 264 (outubro/2009)