Veja como a erva ajuda a tratar a epilepsia e assine a petição on line
A justiça brasileira autorizou, pela primeira vez, a
importação de um medicamento derivado de maconha contra a epilepsia. O
medicamento reduziu a ocorrência de convulsões e trouxe alívio a vida de Anny
de Bortoli Fischer, uma garotinha de 5 anos de Brasília. Mas a última remessa
encomendada pela família de Anny foi retida pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), já que a venda de maconha e seus derivados é ilegal no Brasil.
A decisão da justiça não libera a
venda do medicamento no país e nem vale para outras pessoas.
"A substância revelou-se eficaz
na atenuação ou bloqueio das convulsões e, no caso particular da autora,
fundamental na debelação das crises recorrentes produzidas pela doença de que
está acometida, dando-lhe uma qualidade de vida jamais experimentada", diz
o magistrado.
O juiz acrescentou que, embora a
Anvisa esteja fazendo estudos sobre o medicamento, a paciente não pode esperar
pelos resultados. "Não há como fazer a autora esperar indefinidamente até
a conclusão desses estudos sem que isso lhe traga prejuízos
irreversíveis."
Em casos extremos, essas convulsões
podem matar a pessoa. O canabidiol não cura a doença, é claro. Mas tem se
mostrado mais eficaz que outras drogas no alívio das crises. Há, porém, dúvidas
sobre seus possíveis efeitos nocivos em tratamentos prolongados, já que faltam
testes clínicos com a droga.
Uma petição online está
coletando assinaturas com o objetivo de reclassificar o Canabidiol como droga
de uso controlado. A substância está presente na Cannabis Sativa, que tem seu
consumo, produção e distribuição ilegais em território brasileiro.
A petição pretende chegar a
10 mil assinaturas para ser entregue à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). O documento está no ar desde 17 de julho e pode ser acessado pelo
endereço: https://secure.avaaz.org/po/petition/Agencia_Nacional_de_Vigilancia_Sanitaria_Queremos_que_o_CANABIDIOL_seja_reclassificado_para_droga_de_uso_controlado/?dtNKXeb
O autor da petição defende
que o Canabidiol não gera dependência e tem efeitos colaterais toleráveis em
contraposição a outras drogas legais que causam dependência e danos graves à
saúde.
A Maconha e seus
princípios ativos
A maconha (Cannabis
sativa) possui uma mistura de 400 substâncias químicas e contém 80
princípios ativos.
Entre estas substâncias vamos dar atenção a duas o THC (tetraidrocanabinol), e o
CBD (canabidiol)
O THC
Composto da família dos fenóis, é o
principal componente da planta da maconha, sendo responsável por seus efeitos
alucinógenos.
Ele é encontrado em todas as partes da
planta, mas especialmente nas flores e resina das plantas fêmeas. Já a sua
concentração em cada planta depende de vários fatores, tais como o tipo de
solo, o clima, a época de colheita e assim por diante.
A maconha possui outros alucinógenos,
mas o THC é o mais potente. O uso da maconha também faz com que a pessoa fique
sem vontade de fazer mais nada, pode causar dependência, gerar vermelhidão nos
olhos, boca seca, visão e audição distorcidas, sistema imunológico prejudicado;
os batimentos cardíacos ficam acelerados, dando uma sensação de euforia,
seguida de relaxamento e riso fácil. Também torna o homem infértil durante o
seu uso e diminui a quantidade de testosterona produzida, que é o hormônio
sexual responsável pelas características masculinas, tais como voz grossa,
barba, músculos e produção de espermatozoides.
Por esses e outros motivos
relacionados, tais como o desenvolvimento de cânceres, é que a maconha é uma
droga ilícita no Brasil.
Mas o THC também é usado em
determinados casos específicos por médicos, como no caso de diminuir as ânsias
de vômitos e náuseas em pacientes de câncer que são submetidos a tratamentos
por radiação e também no caso de pessoa com glaucoma, a fim de diminuir a
pressão do globo ocular e evitar uma possível cegueira.
O CDB
Estudos feitos em diversos países apontam que
o canabidiol, um outro princípio ativo da planta, que representa mais de 40%
dos extratos de C. sativa,
é eficaz no tratamento de depressão, esquizofrenia, epilepsia, transtorno
bipolar e até leucemia e doenças neurodegenerativas, como mal de Alzheimer, além de ajudar a
conter inflamações e controlar a pressão arterial.
O CBD (canabidiol) é um componente da
maconha que não dá "barato". Seu único efeito adverso é sedação em
doses muito altas. A substância tem sido usada como remédio em parte dos
Estados Unidos e Israel, entre outros países.
É importante que fique claro que
o CBD não é sinônimo de maconha. O CBD, isoladamente, é uma substância muito
segura, sem potencial de abuso. A substância mediadora dos efeitos de abuso da
maconha é o THC. O fato de que maconha é droga de abuso não é argumento para
proibir o CBD. Da mesma forma, o fato de que o CBD tem aplicações medicinais
não é argumento para dizer que fumar maconha é bom. O CBD, de fato, pode ser
útil para determinados pacientes com epilepsia. No entanto, para que ele seja
utilizado de forma mais ampla, são necessários mais estudos clínicos
comparando-o com outros anticonvulsivantes, mas, infelizmente, as restrições
legais têm impedido tais estudos. É importante também ressaltar que a luta de pacientes
e de familiares pela aprovação do CBD medicinal para o tratamento das
epilepsias de difícil controle não tem nenhuma relação com o movimento daqueles
que incentivam o uso recreativo da maconha.
Para saber mais:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/remedio-a-base-de-maconha-alivia-epilepsia-em-criancas